quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Psicologia no Futebol



O conceito de psicologia no futebol cada vez é mais discutindo no mundo do desporto. A presença de um psicólogo no sentido de atenuar possíveis problemas profissionais ou mesmo pessoais tem vindo a ser ponderada pelos clubes de Norte a Sul do país.
Com a situação economica portuguesa que, consequentemente, se traduz por toda a sociedade e profissões, as equipas de futebol, ao avaliarem o orçamento possível para cada época, apercebem-se que há outros bens de primeira necessidade acabando então, por abdicar do psicólogo no plantel.
Embora cada vez mais seja habitual nos clubes europeus, em Portugal só o Sporting de Braga é que conta com um profissional da área na equipa técnica. As questões passam um pouco pela vantagem da psicologia no futebol.
Há quem defenda que um jogador tem obrigatoriamente estar bem mentalmente para fazer um bom jogo mas, por outro lado, há quem defenda também que um atleta dá o seu melhor quando está sob pressão.
Confrontados com a questão, todos os jogadores da Académica concordaram que seria importante para a equipa não só para gerir os seus conflitos pessoais mas também para
ajudar a equipa a obter melhores resultados e a passar as fases menos boas e de grande pressão.


Carole de Oliveira, psicóloga, falou com o Fora de Jogo sobre esta temática que tem tanto de importante com de polémica.

Fora de Jogo: É importante a presença de um psicólogo num clube desportivo?!
Carole de Oliveira:
Na minha opinião é muito importante.


Fora de Jogo: Até que ponto é que a ajuda pode ser importante no desenvolvimento / recuperação de um jogador?!
Carole de Oliveira:
A ajuda de um psicólogo no desenvolvimento ou recuperação de um jogador pode ser importante porque, nestas situações estão em causa não só aspectos físicos, mas também psicológicos, emocionais, motivacionais, aspectos estes, importantes na recuperação, por exemplo, de uma lesão.


Fora de Jogo: Acha que é mais importante quando uma equipa está mais em baixo, no auge do campeonato ou em ambos os casos?!
Carole de Oliveira:
Em ambos os casos.


FDJ: A pressão pode ser apaziguada com algum método?!
Carole O.:
Sim, a pressão pode ser apaziguada com a técnica da visualização mental, em que, tal como o nome indica, o atleta visualiza mentalmente a situação que lhe provoca pressão, de forma a eliminar a ansiedade inerente. Esta técnica é realizada através de fases de visualização da situação.


FDJ: Na sua opinião, o publico influência de alguma forma a prestação de um jogador em campo?!
Carole O.:
O público pode influenciar a prestação de um jogador na medida em que despoleta toda a ansiedade sentida nestas situações, levando aos fracassos a que costumamos assistir nos jogos.


FDJ: E a comunicação social?!
Carole O.:
A comunicação social pode influenciar em grande parte os jogadores inexperientes, os quais ainda não se acostumaram aos comentários e ainda não arranjaram estratégias para lidar com os mesmos. Neste aspecto a intervenção do psicólogo da equipa pode ser pertinente.


FDJ: Tem conhecimento se profissionais de futebol recorrem regularmente a psicólogos?! Já alguma vez teve algum como cliente?!
Carole O.:
Os jogadores de futebol quando recorrem ao psicólogo, normalmente,
este pertence à equipa, mas não acontece com muita regularidade. Os aspectos físicos, naturalmente, preocupam mais os jogadores, sendo que muitas das vezes é descurado o facto
de a falta de motivação ou a ansiedade poderem estar ligadas à dificuldade de recuperação de uma lesão. Nunca tive nenhum paciente ligado ao futebol.


FDJ: Tem ideia se a procura de um psicólogo tem algum motivo em comum?!
Carole O.:
Não existe um motivo em comum, mas o mais vulgar são situações de ansiedade nos jogos, bem como as recuperações de lesões.


FDJ: Na faculdade, existe uma preparação prévia sobre a psicologia no futebol?!
Carole O.:
Sim, existe.


FDJ: É uma área desenvolvida durante uma licenciatura?
Carole O.: É desenvolvida na disciplina de Psicologia do Desporto, no 3.º ano da licenciatura em Psicologia.


FDJ: Na sua opinião, com a formação existente, os profissionais hoje em dia têm competecias suficientes para “coordenar” uma equipa de futebol?!
Carole O.: Um psicólogo que termine a sua licenciatura em Psicologia não tem competências suficientes para “coordenar” uma equipa de futebol, tem apenas noções básicas de como é a intervenção nestes casos, no entanto existem especializações nesta área que capacitam o psicólogo deste trabalho.

Um comentário:

Unknown disse...

Os meus parabens é um artigo muito interessante e que devia ser mais debatido pois há pouca informação sobre este tema que para mim é de extrema importancia...