domingo, 12 de agosto de 2007


MUNDO ULTRA

Muitas vezes a palavra ultra é associada a violência, vandalismo, droga…As claques organizadas portuguesas só são noticiadas quando provocam algum desacato.
Mas afinal, o que move o mundo das claques, das coreografias e das faixas que tanta gente teima em criticar?!
Seja o Benfica, o Paços de Ferreira ou a Académica… seja um clube que esteja em primeiro lugar ou em último… hoje em dia quando uma equipa sobe ao relvado já conta com a presença de alguns fiéis que estão lá só para os apoiar. “Na vitória convosco, na derrota convosco, estamos sempre convosco, não vos deixaremos mais” é um cântico entoado por quase todas as claques porque, realmente, é toda uma paixão pelo clube que os move e, muitos deles, dariam a sua vida para equipa alcançar os três pontos.
A semana é passada a pensar na coreografia do jogo seguinte ou na deslocação. Aí são impostas várias questões: Aluga-se camioneta?! Há muita gente?! Fazemos uma bandeira nova?! E os bilhetes, a quanto estão?!
Enfim…há toda uma série de mecanismos que têm que obrigatoriamente que ser tratados.
Muitas vezes a família, os amigos “comuns” e até os estudos ficam para trás…é preferível fazer uma directa ou duas a trabalhar e poder ir ao jogo, conviver, criar laços de amizades…sim, porque pertencer a uma claque não é só para apoiar o clube do coração, há muitas iniciativas extra-campo que, como é obvio, não vêm a público mas que têm como finalidade a promoção do bem estar e de uma vida mais saudável.
Exemplos?! Corridas contra o racismo, participação em movimentos associativos…incentivo a miúdos de instituições e de bairros mais degradados a irem aos jogos.
E não pensem que quem pertence a um grupo organizado são só pessoas sem formação académica ou de um nível socio-económico baixo…eu, por exemplo, conheço advogados, engenheiros, antropólogos…
Agora se me pedirem para pôr em palavras o sentimento que os move, eu simplesmente não consigo. Um ultra vive o clube de uma forma muito particular e tem consciência que só quem “está lá dentro” é que o entende não se preocupando muito em explicar à sociedade o porquê de estar ali. Preocupa-se sim se desaparece uma faixa, se não há dinheiro para alugar um autocarro ou se acontece alguma coisa a um dos seus companheiros… Ser ultra, define-se apenas com duas palavras: “Semper fidelis”

FUTEBOL MODERNO


Já lá vai o tempo em que um jogador entrava em campo por amor à camisola e em troca de “meia dúzia de tostões”, comida e equipamento.
O futebol era a festa do povo, por vezes, aos domingos, começava a rolar a bola às nove horas da manhã com os infantis e acabava as cinco da tarde com os seniores. As famílias iam todas, era uma forma de passar o domingo, de conviver e…sem grandes custos.
Isto depois de se passar a fase que o “futebol era só para os homens” e quando as mulheres começaram a infiltrar-se naquilo que muitos consideravam o seu escape.
Começou-se a ouvir mais berros, mais bocas aos árbitros, aos adversários… “oh guarda-redes és todo jeitoso”, ouvia-se por vezes uma senhora gritar na tentativa de o distrair de um ataque.
Enfim, velhos tempos…
Hoje em dia, o futebol modernizou-se, fizeram-se estádios novos, capitalizaram-se os clubes.
O que movimenta o futebol são os empresários, as SAD’S e…o dinheiro. Uma família inteira para ir ao futebol só se for pedir. Bilhetes a 20 e 30 euros é incomportável para a maioria dos portugueses. Foi retirado ao povo aquilo que ele tinha de melhor.
Claro que há a televisão…sim a televisão que, geralmente, passa os melhores jogos em canais fechados…Lá está, outro fenómeno do futebol moderno, a pay tv. Fazem-se horários e marcam-se datas de jogos consoante a programação do canal, canal esse pago.
Muitas mudanças que diluíram a essência do futebol. O futuro prevê-se “negro” no que diz respeito à inversão desta tendência. São contratados cada vez mais jogadores estrangeiros, os bilhetes tendem a aumentar, os estádios vão ficando vazios aos poucos.