Mancha Negra

Tiago Almeida Santos elemento da claque há 8 anos e presidente da mesma há 2, revela-nos um pouco dos “bastiadores” do grupo organizado. Desde os problemas às emoções, tudo é permitido áquele que “Ama a sua briosa mais do que tudo”

Fora de Jogo: Há quanto tempo está na mancha?!
Tiago Santos: Estou na mancha há 8 anos e sou presidente há 2.

Fora de Jogo: Quais os objectivos da Mancha para esta época?!
Tiago Santos: Os principais objectivos passam por levar o máximo de pessoas ao estádio para apoiar a académica. É importante ter o máximo de pessoas que apoiem a académica e que sejam sócios, não aqueles adeptos de ocasião. Queremos levar a académica o máximo possível além fronteiras mas como é um pouco impossível devido aos objectivos da equipa queremos que se mantenha e que vá ganhando jogo a jogo.

Fora de jogo: Ser ultra da briosa é…
Tiago Santos: Ultra briosa significa ser mais que um adepto normal da académica. É ter posição activa, não tomando muitas vezes as decisões da académica de ânimo leve. É estar no estádio a apoiar a académica e ir aos jogos fora enquanto os sócios normais ficam em casa. É ir para um estádio e apoiar sempre a académica, fazer coreografias, perder horas e horas durante semana a pensar na académica e não só ao domingo durante os 90 minutos de jogo.

FDJ: Então a semana é complicada…
Tiago S.: A semana é super complicada. Prejudicamo-nos a nível pessoal e profissional para que depois no dia de jogo tudo corra bem. São feitos inúmeros telefonemas, não nos comprometemos com nada nem a nível pessoal nem a nível profissional para poder fazer coreografias e para preparar tudo para que tudo corra bem durante os 90 minutos de jogo.

FDJ: Qual a vantagem da mancha negra para o apoio da equipa?!
Tiago S.: Vantagem?! Por exemplo, os jogadores sabem que têm um grupo de apoio sempre presente, sabem que têm onde festejar os golos. A Académica tem uma equipa ‘pequena’ mas um grupo muito grande. A Mancha está lá sempre, seja onde for, a festejar os golos da equipa.

FDJ: Que tipos de apoios têm por parte da direcção?!
Tiago S.: O único apoio que a académica nos da directamente, é o espaço onde temos a nossa sede. Mas, se formos a ver bem…sempre tivemos uma sede própria, já conquistamos há muito tempo o nosso espaço no clube.

FDJ: O futebol moderno é marcado por algumas características específicas nomeadamente a chamada ‘pay tv’, o horário dos jogos e os preços dos bilhetes. Qual é a sua posição em relação a estes 3 temas?
Tiago S.: Quanto à pay tv, não acho muito mal os jogos darem na televisão ou mesmo num canal privado, têm que ser é a horas decentes. Os clubes têm que se virar mais para os adeptos e não para o lucro que vão ter com a transmissão televisiva. Os preços dos bilhetes são completamente escandalosos. Não se compreende que com o salário mínimo nacional apareçam preços de bilhetes como aparecem semanalmente. Os horários dos jogos é outra questão bastante critica.
Imagine-se um FC Porto vs Académica, a um domingo às 21h30… ao acabar o jogo ainda é preciso ter a autorização para sair, ir para o transporte e viajar durante 1h30 minimo. Às horas
que se chega rara é a pessoa que ao outro dia vai trabalhar ou para a escola de “cabeça fresca”. Imagine agora então a mesma situação semana sim semana não…

FDJ: Qual a sua opinião acerca do panorama ultra nacional?!
Tiago S.: Esta pergunta só posso responder como ultra e não como presidente da mancha. Na minha opinião, o panorama ultra esta cada vez mais fraco. O preço dos bilhetes, as faltas de apoio, as horas dos jogos, são factores que contribuem para o enfraquecimento dos ultras e até
mesmo dos adeptos em geral. (…) A polícia por vezes também parece querer que os grupos
organizados acabem colocando 1001 entraves.

FDJ: Quais são as principais dificuldades que encontra como grupo organizado?!
Tiago S.: Muitas vezes o problema passa pelas claques não terem espaços para colocar as faixas e/ou colocarem-nos muito perto dos adeptos adversários. É claro que isso muitas vezes provoca conflitos completamente desnecessários.

FDJ: De que maneira é os media contribuem para a imagem que a sociedade tem das claques?!
Tiago S.: Não contribuem a favor das claques, principalmente para as claques pequenas ou de clubes pequenos. Quando geralmente é algo noticiado é pelos piores motivos. Agora, o trabalho que se realiza durante a semana, os esforços realizados, as noites passadas a fazer coreografias
ou mesmo a pintar estandartes nunca são valorizados nem tão pouco noticiados. Por vezes fazemos coreografias muito boas e quando ao outro dia saem os diários regionais nunca vem
absolutamente nada sobre nós…

FDJ: Quais são as iniciativas “extra” estádio?
Tiago S.: Temos jantares da direcção, de organização, de nucleos, etc. À pouco tempo tivemos um estágio de uma arte marcial de defesa pessoal. Estamos a organizar vários eventos desde torneio de setas a paintball numa tentativa de dinamizar a claque e reforçar o espírito de grupo fora do Estádio e dos 90 minutos que dura um jogo de futebol.

FDJ: Quais são as principais actividades realizadas na sede?!
Tiago S.: Servem para vender bilhetes, para o convívio diário visto que está aberta todos os dias, para coreografias mais simples, e para a concentração do pessoal em dias de jogos.