sexta-feira, 10 de agosto de 2007

EDUARDO - 15




Eduardo, terceiro guarda-redes da académica formou-se no lousanense. Já vestiu a camisola de outros clubes na região centro mas sempre emprestado pela Académica. Espera a sua oportunidade no plantel principal da associação saindo de cada treino a pensar ”hoje dei tudo
e senti-me bem e estou preparado para ajudar a equipa”




Fora de Jogo: É complicado conseguir chegar à baliza principal?
Eduardo: Eu penso no presente, não estou a pensar no futuro, o meupresente é aqui até ao final da época… eu penso dia a dia, treino a treino…jogo a jogo…tentar trabalhar para quando for chamado tentar ajudar a equipa da maneira que eu posso e que sei. A minha preocupação é unicamente tentar jogar, dar o meu melhor e se não jogar tentar ajudar os meus colegas.



Fora de Jogo: Como licenciado alguma vez pensou em deixar a carreira futebolística para exercer?
Eduardo:
Eu pondero sempre todo o tipo de situações porque o futebol é sempre uma coisa complicada. Umas vezes as coisas conseguem estar melhor outras vezes não se proporcionam. É sempre uma hipótese que nunca me refuto. Eu sei que um dia, mais cedo ou mais tarde, vou estar ligado ao desporto e ao ensino porque é a minha área (…). O meu sincero objectivo é continuar a jogar como profissional mas não descarto as outras situações.



Fora de Jogo: Numa sociedade onde cada vez mais a droga e a violência tendem a enraizar-se, qual o papel do desporto, principalmente para os jovens?
Eduardo: Eu acho que é extremamente importante. De uma forma como criar pratica desportiva regular para além de evitar que os jovens sigam caminhos menos positivos (…) como também para ganhar determinadas regras: saber estar em grupo, hábitos de higiene, esse tipo de coisas (…) penso que é fundamental. O desporto tem vários objectivos específicos e gerais, as pessoas as vezes dão demasiado valor ao aprender a jogar, ao saber determinados skills técnicos mas às vezes esquecem-se de coisas importantes, como a prática de higiene, a prática de desporto como uma forma saudável. Penso que o desporto contribui e vai contribuir sempre porque cada vez mais as pessoas não tem tempo nem para tomar conta dos filhos mas tem que se começar a criar uma rotina de praticar desporto porque só assim é que vamos ter uma sociedade mais saudável.



FDJ: O futebol e os clubes em geral vivem sérias dificuldades financeiras mas continuam a ir buscar ditos craques ao estrangeiro em detrimento dos portugueses. Acha importante os clubes apostarem um pouco mais na formação?!
Eduardo: É assim isso já depende das politicas dos clubes profissionais. Eu tenho uma ideia muito própria que passa, logicamente, por uma aposta na formação. Portugal já deu provas no estrangeiro, em grandes competições de jovens, que temos um potencial muito grande que tem que ser explorado a todo o custo e canalizado para as equipas profissionais portuguesas.
Os nossos jovens têm cada vez mais demonstrado que têm qualidade para se afirmar nos campeonatos europeus e, se há qualidade para se afirmar nos campeonatos europeus, também há para o português. Os clubes têm que pensar cada vez mais nesse ponto porque só assim é que podemos ter melhores jogadores, só assim é que a nossa selecção pode ser cada vez melhor e penso que a formação é e será sempre, e tem que ser, cada vez mais a base para o nosso futebol.



FDJ: Já alguns anos que dinamiza o projecto “Futmania”, uma escola de futebol dos 5 aos 12 anos. Pode-me falar um pouco dele?!
Eduardo: É um projecto que começou quando terminei o curso, trabalho em cooperação com o Clube Desportivo Lousanense e que visa formar e criar condições para os jovens da Lousã e daquela zona, tenta-se criar condições de trabalho, de materiais, de recursos humanos (…) também procuramos treinadores com qualidade de formação e humana. [Os objectivos passam por] tentar criar todos os hábitos de higiene, de organização, de saber estar em grupo (…) esses objectivos que, no fundo, regulam qualquer desporto colectivo e no fundo passam também para a vida cá fora, para além de se tentar formar jovens jogadores de futebol com determinados princípios bem vincados em termos desportivos.



FDJ: Como profissional de futebol é difícil conciliar a sua vida pessoal com a carreira? Há coisas que os jovens “normais” podem fazer mas que um jogador de futebol não pode…
Eduardo: Eu costumo gerir bem essa situação. Costumo fazer uma alimentação equilibrada, só dou uma “saltada” nas ferias um pouco para desanuviar, gosto de vir treinar e sair do treino e pensar “hoje dei tudo e senti-me bem e estou preparado para ajudar a equipa”. Se eu tiver uma alimentação má, se andar a sair à noite…epa é lógico que chego aqui para treinar e não tenho condições para dar o meu melhor e nem sequer vou para casa a sentir-me bem comigo próprio e eu gosto de sentir-me bem comigo próprio (…) mesmo que essas regras não existissem eu ia tê-las para mim porque gosto de me sentir bem e gosto que as pessoas sintam que eu estou a dar o máximo.



FDJ: Sempre teve o apoio da sua família para seguir esta carreira?
Eduardo: Sim. Como eu sempre fui conciliando o estudo com o futebol essa questão nunca se colocou. Os meus pais sempre me apoiaram porque eu nunca dei razões para que não o fizessem (…). Sempre apoiaram as minhas decisões, mas eu também sempre ponderei muito bem as situações…por vezes até pondero demasiadamente as coisas…



FDJ: O que costuma fazer nos seus tempos livres?
Eduardo: Procuro organizar o meu projecto, tentar melhorar a cada dia e resolver os problemas que advêm daí. Gosto de sair, de ir ao cinema, tomar café com os meus amigos, sou uma pessoa normal…. Como também tenho que vir para Lousã as vezes prefiro ficar em casa onde descanso vejo televisão ou vou para a Internet.



FDJ: É utilizador assíduo da Internet?
Eduardo: Sim. Acho que foi um passo muito grande para a evolução da sociedade. É óbvio que tem sempre os seus contras, é como tudo… oferece-nos muita coisa e nós temos que saber triar as coisas boas das coisas menos boas.



FDJ: Costuma informar-se lá sobre a actualidade? Acha que esta pode substituir o jornal?
Eduardo: Sim, costumo-me informar na Internet (...) Eu penso que é importante mas há coisas que são insubstituíveis, os jornais já estão na Internet e as pessoas continuam a comprar o
jornal. Na net temos que procurar, no jornal, já temos a estrutura do jornal em mente… e é mais simples.



FDJ: Desde há umas épocas que a assistência nos estádios portugueses têm vindo a diminuir progressivamente. Como vê a falta de publico nos estádios?
Eduardo: Também é um pouco o reflexo da sociedade e não tem, por vezes, a ver com a qualidade …tem a ver com a regressão que existe no país. Isto está complicado, vir comprar um bilhete de 20 ou 30 euros para ir ver um jogo de futebol não é fácil.



FDJ: Não acha que deviam ser tomadas medidas por parte dos clubes ou até mesmo da Liga para inverter a situação?
Eduardo: Hoje em dia e o futebol cada vez mais um negócio, os clubes são empresas e pensam na rentabilização dos activos (…) será melhor que ter 5.000 adeptos a pagar 20 euros ou 20.000 a 5 euros?!!



FDJ: Como jogador, qual é o papel do adepto?!
Eduardo: O adepto é muito importante, quanto mais adeptos houver mais motivados os jogadores ficam, e se mais motivados ficam mais qualidade podem dar ao jogo. A presença dos adeptos é sempre uma forma de motivação para os jogadores e é sempre uma forma de proporcionar um espectáculo melhor.




FDJ: A “briosa” tem no panorama nacional a conotação do “clube dos estudantes”. Na sua opinião, a essência do clube tende a manter-se?
Eduardo: Acho que a académica nunca se vai desassociar dessa conotação e vai ter sempre jogadores estudantes nem que seja na formação. O futebol profissional esta a caminhar para um rumo, futebol/empresa, em que nem sempre é possível haver essa conciliação. No fundo isto é um pouco a identidade da académica… é um clube que toda a gente gosta e é amado por todo país.

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