quarta-feira, 8 de agosto de 2007

PEDRO ROMA - 24


Pedro Roma, capitão da académica, já com 36 anos continua no activo. A sua passagem pelo Benfica e Gil Vicente deram-lhe experiência
mas foi, e é, na Académica que ganhou todo o seu prestígio e experiência estando inclusive habilitado ao “cargo” de ser uma das figuras míticas do clube.


Fora de Jogo: O que é o levou a entrar na universidade visto ter uma carreira profissional estável e que, de certa forma, lhe garantia o futuro?!
Pedro Roma: Não concordo em nada com a questão pois, na minha opinião, ela pode ser divida em dois momentos. O inicial em que quando começa a minha carreira em termos profissionais em que os sonhos eram imensos e em que consegui chegar a um clube grande, consegui atingir
objectivos máximos no futebol. Isto leva-nos por vezes a abdicar de coisas que achamos que não são fundamentais. Todos esses sonhos e objectivos que andam na nossa cabeça levam-nos a que seja tudo muito maravilhoso e no fundo eu ao longo dos anos fui metendo na minha cabeça que este mundo para além de ser aliciante não só pela parte financeira há situações em que não é realmente verdadeira. Foram esses anos de experiência que me levaram a continuar os estudos e que me levaram a tentar conciliar ao máximo as duas “profissões”. No fundo foi um objectivo
muito pessoal que eu tentei concretizar e que felizmente estou prestes a terminá-lo e sei que é uma ferramenta que poderá ser fundamental na minha vida futura. As pessoas dizem que passei por bons clubes, que tenho uma carreira muito bonita mas a minha vida não se esgota só no futebol.


Fora de Jogo: Pretende exercer?!
Pedro R.: Talvez a questão não seja colocada no timing certo pois ainda estou no activo e ainda vou jogar 1 ou 2 anos. Tudo depende de como as coisas vão correr daqui para a frente mas essencialmente sei que (o curso) é uma ferramenta muito útil em termos futuros. Para lhe responder à questão concretamente não sei dizer ser se vou enveredar para a via profissional enquanto professor ou se vou aproveitar o curso, visto ser de ciências do desporto, para estar ligado ao desporto numa instituição qualquer (está área sim irá mais ao encontro em termos de futuro mas ainda é muito precoce para pensar nisso).


Fora de Jogo: Qual é o seu sentimento em relação à académica?!
Pedro R.:
A académica é um sentimento que não se explica, que implica. Para mim, enquanto atleta, é a minha forma de transmitir o meu valor, os meus ideais dentro de campo, ser um bom profissional e é como é óbvio é o suporte da minha vida financeiramente. Fugindo à parte profissional para mim pois para mim a académica é muito mais do que isso, tenho 15/16 anos de académica e é uma vida inteira quase. Aprendi a gostar da académica muito antes de vir jogar para cá, quando vinha ver aos jogos com os familiares. Mais tarde fui convidado para ir jogar nos juvenis e foi nessa fase que aprendi a gostar e a sentir a académica…É aquela mística que os mais velhos nos vão transmitindo…Para mim é um sentimento que vai além de profissional… Cresci muito como Homem, tenho um curso e de certa forma graças à académica.


FDJ: Qual a importância do adepto da académica?!
Pedro R.:
Os adeptos têm sido, enquanto me conheço como atleta da académica, fundamentais e parte integrante dos nossos resultados e da concretização dos nossos objectivos. Tenho muitas
vezes conversas fora do estádio/ jogo e eles demonstram as suas amarguras quando as coisas não correm bem mas também nos abordam para dar uma palavra de incentivo. É o 12º elemento.


FDJ: E da Mancha Negra?!
Pedro R.: Felizmente temos uma claque que está sempre presente. Já jogámos em vários sítios tão longínquos que nunca pensamos ver lá uma faixa da Mancha e o que é certo é que estão sempre presentes… independentemente do número de elementos (…) e isso é fundamental para nós (atletas) e é sinal do carinho que eles têm. Agora também temos que ter em conta quando as coisas são levadas a extremos, e agora partimos para os tais adeptos que, enquanto ficcionados têm atitudes que desprestigiam o conceito do futebol-espectáculo (…) situações de bocas, de confronto entre outras claques, por exemplo. Pelo que conheço, felizmente, raramente assisti a confrontos entre a Mancha e outras claques. Não estou a dizer que eles não existem mas penso que essa é a parte que nós jogadores não gostaríamos de ver.


FDJ: Qual o momento que considera mais marcante na académica?!
Pedro R.: Tive 2 ou 3 momentos. O primeiro que é quando saio dos juniores e sou convidado para integrar na equipa sénior da académica. Não é todos os dias que um atleta, ainda com idade de júnior, treina com a equipa principal na primeira divisão. Deixou-me extremamente satisfeito e orgulhoso. O segundo, que é único e o mais marcante, foi depois de estarmos cerca de 10 anos na segunda e subimos de divisão e em que os últimos 5 minutos de jogo praticamente só existia relva, capas e batinas e toda a gente a toda a gente nos apoiava euforicamente. Depois há outros momentos como a outra subida, as viagens nomeadamente uma a Macau que fomos todos
trajados…entre outros.


FDJ: Como capitão tem uma responsabilidade acrescida. Qual o seu papel?!
Pedro R.:
Há muitos anos atrás já fui capitão…deixei de o ser por motivos pessoais. Neste momento foi um novo desafio que me foi colocado (...) para mim ser capitão não é ser mais nem menos que os outros elementos (…) tenho mais anos da académica e de certa forma sou o elo de ligação para os novos elementos que chegaram, que foram muitos, e transmito os valores da académica, da tal mística, do que é a cidade (…). A primeira coisa que disse aos meus colegas é que em cada um deles há um capitão de equipa. Ser líder ou ser capitão acontece de forma natural, não imponho nada, tento de certa forma, entender os problemas do grupo de trabalho, ser o elo de ligação entre os jogadores, a direcção e a equipa técnica e, no fundo, tento conciliar todos os nossos problemas fazendo com que o resultado final atinja os nossos objectivos, que neste momento é a manutenção na Primeira Liga.

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