sexta-feira, 10 de agosto de 2007

ALEXANDRE - 5



Alexandre Messiano foi uma das contratações da época da Académica. Com 28 anos de idade, o médio defensivo brasileiro jogou anteriormente no Corinthians Alagoano. Antes de subir ao relvado só pede “a Deus para que não se aleije e que vença o melhor!”.









Fora de Jogo: Como costuma passar os seus tempos livres?
Alexandre:
Procuro ficar mais com a família. Nas folgas fico com a minha filha que está ainda a conhecer o mundo e desfruto a cidade com a minha família.

Fora de Jogo: É muito difícil conjugar a vida pessoal com a profissional?
Alexandre: Para mim já é natural, o futebol é a minha vida e a oportunidade que eu estou a ter muitos queriam ter e não têm… mas claro que tenho momentos que tenho que estar ciente do que acontece lá fora não adianta as coisas estarem a acontecer e a gente não saber de nada.


FDJ: A família sempre o apoiou para seguir a carreira de futebolista?
Alexandre: O meu início foi um pouco complicado, o meu pai não aceitou mas a minha mãe deu-me a maior força. Como eu era um menino novo, estava a estudar e até a trabalhar e sempre ajudei em casa. Hoje, eu consegui trabalhar e construir uma carreira com muito esforço e dou-lhes apoio (…). Hoje se tiver q u e incentivar algum menino eu vou dar o maior apoio a ele porque com o futebol conhece-se muita gente e não se fica na rua a conviver no meio da droga e da violência.


FDJ: A adaptação quando chegou foi complicada?
Alexandre: Foi tranquila porque em 2004 vim para o Vitória de Guimarães e a adaptação foi muito boa. Agora vim para Coimbra, cidade muito bonita, por isso foi muito fácil. Também há muitos brasileiros na equipa o que facilita bastante.

FDJ: É importante para a adaptação haver brasileiros na mesma equipa?
Alexandre: A mesma coisa, tenho um jeito descontraído, fácil de fazer amizade e os portugueses correram muito bem e a língua facilita bastante.

FDJ: E a adaptação ao futebol, foi fácil?
Alexandre: Tive que mudar um pouco já que o futebol português é mais rápido que o brasileiro…

FDJ: Com uma sociedade onde predomina a violência, a droga, o álcool será que o desporto não pode contribuir para que a situação se inverta um bocado?
Alexandre: Sem dúvida. O Brasil é um país que a violência está muito grande e não só o futebol mas todos os desportos são muito importantes para que as crianças saiam das ruas e vão praticar… o desporto faz com que as crianças cresçam como pessoas e saiam das ruas… para além de aprenderem uma profissão. O futebol brasileiro é um dos melhores do mundo mas o nosso [português] não fica muito atrás devido às características dos jogadores…tive que mudar um pouco as minhas características mas não muito.

FDJ: E o clima?
Alexandre: O clima é complicado mas nós temos que procurar nos adaptar ao país…o verão é muito quente mas o Inverno é muito, muito frio…mas nada que me preocupa.

FDJ: É complicado chegar à primeira divisão portuguesa?
Alexandre: Sem dúvida, em 2004 o campeonato era muito bom mas tem melhorado muito e as equipas que estão na primeira liga tirando os três grandes, estão muito iguais… então é uma disputa muito grande e ninguém quer descer porque depois é difícil subir.

FDJ: Foi no Brasil que apareceram as primeiras claques. Hoje em dia estas estão directamente agregadas à violência. Quais são as principais diferenças que encontra em relação às portuguesas?
Alexandre:
Cá são bem mais tranquilas que lá no Brasil. A cobrança lá é muito grande porque há muita rivalidade entre os clubes. Há muita violência… hoje em dia é complicado ir a um jogo com a família porque nunca se sabe o que vai acontecer. A civilização aqui é muito mais educada e a minha mulher e a minha família vão ao estádio tranquilamente… É claro que a violência não leva a nada, violência gera violência, aqui os jogadores têm que se auto cobrar e como cá há muito menos [cobrança] é claro que há jogadores que se acomodam ao lugar…aqui temos que nos cobrar uns aos outros para alcançar uma boa posição no campeonato.

FDJ: Que campeonatos costuma acompanhar além do português?
Alexandre: O inglês e o espanhol para aprender alguma coisa.


FDJ: O nível de exigência é completamente diferente em relação ao português. Algum dia o nosso campeonato poderá assemelhar-se ao inglês ou ao espanhol?
Alexandre: É diferente, devido à situação financeira ser muito superior. É claro que o campeonato português para mim evoluiu muito, é muito mais difícil a nível de competitividade
do que quando cheguei. O futebol vai evoluindo para que se chegue a um nível muito bom…

FDJ: O Alexandre é dos poucos jogadores que não tem empresário. O que o levou a tomar esta decisão?
Alexandre: Sim o meu passe pertence a mim mesmo... já tive empresário mas acho que hoje em dia os empresários estão a complicar muito, é claro que hoje a maioria dos clubes depende deles mas a maioria acaba por atrapalhar o profissional… às vezes o clube quer um jogador e ele acaba por o levar para outro.

FDJ: O empresário tem um papel na vida do jogador activo pois para além de tratar da carreira do jogador também cuida da imagem. Não acha que saiu prejudicado ao ter o seu próprio passe?
Alexandre: Estou um pouco arrependido, por exemplo, tive no Brasil em 2005 a oportunidade de entrar noutras equipas e não fui porque os empresários queriam uma percentagem no caso da transferência. E como o passe era meu eu não achei justo porque ate é o jogador que dá o espectáculo e é ele que tem que ser remunerado. Hoje a maioria dos empresários ganham mais que o jogador…mas a realidade é esta, os empresários coordenam o futebol todo.

FDJ: Hoje em dia o futebol é um negócio. Os preços dos bilhetes são elevados e as pessoas deixaram de ir assistir aos jogos. Até que ponto é que a falta de público pode influenciar no desenvolvimento de um jogo?
Alexandre: Sem dúvida os espectáculos foram apagados devido aos preços altos. Nós ficamos tristes porque gostávamos de ver o estádio cheio e a torcida a aplaudir o jogador...[Influência] em tudo porque é bonito. Eu particularmente tive a oportunidade de ver os estádios cheios…um jogador fica empolgado, o espectáculo fica muito mais bonito e os jogadores tentam fazer um espectáculo mais bonito…

FDJ: Já pensa no que vai fazer depois de acabar a carreira?
Alexandre:
A gente tem que pensar no futuro, por muito distante que esteja está próximo. O futebol é uma carreira muito curta e eu já estou a ver com a minha família… [vou-me dedicar] à
preparação física principalmente para ajudar as crianças na minha cidade no interior de S. Paulo (…) eu estou a ter oportunidade de jogar aqui futebol e quem sabe se, de hoje para amanhã consigo dar essa oportunidade a alguém também.

FDJ: É muito difícil chegar à titularidade?
Alexandre:
É complicado porque são só onze que entram e todos querem jogar num plantel que tem de 25 a 30 jogadores eu já passei por isso, às vezes ficava chateado porque queria jogar e participar mas com o tempo e com a experiência percebi que o mais importante é fazer um trabalho bem feito porque uma hora ou outra vou ter a oportunidade… o futebol hoje em dia
está muito nivelado. Eu procuro quando entrar dentro do campo fazer o meu melhor porque o trabalho uma hora ou outra vai ser reconhecido.

FDJ: Com uma sociedade onde predomina a violência, a droga, o álcool será que o desporto não pode contribuir para que a situação se inverta um bocado?
Alexandre: Sem dúvida. O Brasil é um país que a violência está muito grande e não só o futebol mas todos os desportos são muito importantes para que as crianças saiam das ruas e vão praticar… o desporto faz com que as crianças cresçam como pessoas e saiam das ruas… para além de aprenderem uma profissão.

FDJ: Considera importante a presença de um psicólogo numa equipa?
Alexandre: Sim eu acho importante porque quando estava no Brasil lá tem muito isso, principalmente na fase que algumas equipas chegavam a grandes decisões…os jogadores ficam um pouco tensos… e você é um ser humano igual a todos os outros e tem os seus problemas fora de campo, na vida pessoal e às vezes você não desabafa e depois entra em campo e às vezes chateia-se com os companheiros sem motivo…é importante sim para o desenvolvimento dentro de campo e para a vida pessoal.

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