sexta-feira, 10 de agosto de 2007

BRUM - 6



Roberto Brum, trinco da Académica, é uma escolha regular no onze inicial de Manuel Machado. Quando o “Fora de jogo” o foi entrevistar, ele nesse mesmo dia, tinha oferecido uma camisola oficial sua a um rapaz, o Mauro, que na jornada anterior tinha feito uma cartolina a pedir-lha.




Fora de Jogo: Em primeiro lugar não posso deixar de lhe perguntar o que sentiu ao ver a cartolina a pedir-lhe a camisola?
Brum: Vi a cartolina só nos jornais, foi um facto que já tinha acontecido e tinha passado despercebido da minha parte. O ideal teria ser dado no dia do jogo mas, como não vi, achei que estava em falta e pensei imediatamente em dar-lhe a camisola.


Fora de Jogo: Muitas vezes vocês não se apercebem do que se passa nas bancadas…é importante os jogadores responderem a estem tipo de iniciativas?
Brum: Concerteza, no dia que o futebol perder a paixão, a ligação directa dos adeptos como jogadores é melhor que o futebol acabe. O futebol é feito para quem se disponibiliza a sair de
casa, comprar uma camisola, gastar toda uma quantia de dinheiro…ir com a família ao estádio. Nós artistas, que estamos no “palco” temos que retribuir com um bom espectáculo e com estes pequenos gestos.


Fora de Jogo: O futebol moderno tem tendência a abrir uma lacuna entre o adepto e o profissional. Não será esse um dos motivos que leva a cada vez menor aderência do público a um jogo de futebol?
Brum: Sim eu acho que são vários factores que provoca isso. Primeiro é a situação económica, outra a organização porque há países em que se veêmmos estádios todos cheios e também um bom futebol. Hoje o lado comercial atrapalha muito a falta de público no estádio. Os clubes desconsideram se um jogador tem uma afinidade pela camisola que veste ou não, é visto como uma mercadoria.


Fora de Jogo: Costuma ver as manifestações que os adeptos demonstram?
Brum: O jogador normalmente no jogo está muito concentrado, vê e escuta as manifestações e a “cobrança” chega sempre ao seu destino. Eu estou sempre muito concentrado no jogo, ver o que adversário pode fazer então, os mínimos detalhes, por vezes são só vistos ou antes ou no fim da partida.


FDJ: Costuma ser titular indiscutível no plantel. No jogo contra o Porto foi convocado mas não chegou a entrar em campo. Qual foi o sentimento que teve?
Brum: Sim fiquei de fora pela primeira vez em 5 anos. O jogador tem que estar preparado para isso, para as decisões do treinador, mas também é ser humano, tem sentimentos e é normal
ficar triste…um jogador tem mesmo que ficar assim, não se pode acomodar… se for para se acomodar mais vale “pendurar as chuteiras”.


FDJ: No estado actual do futebol, ainda existe “amor à camisola”?
Brum: Existe, eu acho que existe. Há jogadores que não jogam só pelo dinheiro. O povo português é apaixonado pelo futebol e acho que muitos jogam também pelo prazer e não pelo
dinheiro…mas também tem que sobreviver. O jogador joga porque ama jogar e se poder ser bem remunerado junta o útil ao agradável.


FDJ: É difícil chegar à primeira divisão?
Brum: A competitividade é muito grande tanto em Portugal como no Brasil… Para um jogador é preciso muito trabalhos e muito esforço e tem que abdicar de muitas coisas, muitas coisas mesmo para chegar a profissional ou à primeira divisão.


FDJ: No Brasil é preciso ter mais “cabeça” para ser profissional do que na Europa?
Brum: Sim, a desigualdade no Brasil é muito grande e o povo é um pouco vítima do sistema. Tenho amigos meus que tinham mais ou tanto talento como eu e que se perderam em drogas,
outros morreram, outros estão presos.


FDJ: Um jogador brasileiro tem, na maioria, o objectivo de jogar na Europa?
Brum: No Brasil todos têm o mesmo objectivo, se for fazer lá algumas entrevistas, parece que foi tudo gravado “Graças a Deus consegui chegar ao profissional, agora o meu objectivo é fazer um bom campeonato brasileiro, ir à selecção e depois ir para a Europa”.


FDJ: Quando veio para a académica tinha noção da conotação do clube?
Brum: Sim já tinha amigos que jogavam aqui, o Danilo e o Lira, e eles falavam-me de como era o clube. Quando cheguei aqui já sabia de tudo.


FDJ: Foi importante os seus colegas brasileiros para a sua adaptação?
Brum:
Eles são amigos meus muitoqueridos mas os portugueses sãomuito acolhedores e hoje tenho muitos amigos portugueses e sinto-me “em casa” cá em Portugal.


FDJ: Tem algum ritual?
Brum: Um jogador de futebol geralmente é muito supersticioso. Eu antigamente
também era…mas desde que entreguei a minha vida para Jesus Cristo não preciso mais dessas coisas.


FDJ: E o número não foi por nenhuma razão em especial?
Brum: O numero foi, eu lá no Brasil jogava com a oito, cá como não estava disponível a primeira época joguei com a 88 mas depois um amigo meu, adepto da académica, disse-me que cá em Portugal os trincos jogam com a 6, então eu mudei porque ele m
e pediu.

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