quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Nuno Piloto - 28






Nuno Piloto é “prata da casa” na Académica. Fez as camadas jovens todas ao serviço da briosa e nunca desvinculou contrato com o clube. Foi emprestado ao Anadia quando subiu a sénior onde adquiriu experiência para fazer a transação para o plantel Principal.





Fora de Jogo: Para além de jogador é licenciado em bioquímica. Foi complicado todo o processo de formatura?
Piloto:
Tive 5 anos para tirar um curso de 4. Foi complicado (…) mais complicado foi mais o problema das aulas práticas, a assiduidade p causa das experiências. Em colaboração com os treinadores da equipa B deu para ir. Depois é claro que parte um pouco de nós próprios em termos de esforço pessoal porque treinar, ir às aulas e depois ter exames é claro que custa e exige sacrifício e se calhar tirar de outras partes para poder concretizar esses objectivos.



Fora de Jogo: Geralmente os jogadores que pretendem tirar licenciaturas é tudo na área de desporto, o Piloto quebrou a “regra”. Era o curso que queria tirar?
Piloto:
Eu não tinha muito bem a certeza quando estava no secundário e essa indefinição permaneceu até à altura da candidatura. A minha média não dava para medicina e havia
a possibilidade de psicologia, bioquímica, farmácia também… acabei por escolher bioquímica.



Fora de Jogo: Pretende exercer um dia que a sua carreira como profissional de futebol acabe?
Piloto: É claro que sim, pronto há a parte de investigação na bioquímica que é a mais conhecida e em Portugal não é muito desenvolvida e o trabalho é sempre à base de bolsas, exige sempre muito investimento a nível financeiro e é muito complicado ter esse recurso mas claro que espero conseguir trabalhar nessa área.



FDJ: Desde cedo que joga futebol. Sempre teve o apoio dos seus pais?
Piloto: Especialmente o meu pai sempre deixou uma coisa bem claro, desde que eu tivesse boas notas podia continuar, conciliar as duas coisas mas nunca tive problemas e isso também me ajudou a nível de concretizar os meus objectivos. A forma como fui educado levou-me a que eu ficasse mais persistente e ajudou-me a alcançar os objectivos da conclusão do curso.



FDJ: Fez as camadas jovens todas na académica. Na altura de passar para sénior passou pelo Anadia, qual foi a sensação? Sentiu uma grande mudança?
Piloto: Fui por também ser “tradição” da passagem das camadas jovenspara os seniores mas não senti grande mudança porque o grupo que encontrei foi bom…o treinador também foi um antigo jogador da Académica, sempre me ajudou e não tive muitos problemas. O nível competitivo é diferente e se calhar olhando um pouco para trás as coisas podiam ter sido conjugadas de outras formas mas as coisas correram muito bem a nível interpessoal e competitivo.



FDJ: Mesmo fazendo as camadas jovens num clube onde a equipa sénior se encontra na liga principal é complicado chegar a profissional?
Piloto:
É cada vez mais porque há cada vez mais um interesse em termos de contratações…vamos buscar cada vez mais jogadores estrangeiros em detrimento dos portugueses e os de
cá têm que mostrar muito mais para serem apostas .



FDJ: Mesmo assim, considera importante os clubes apostarem na formação de jovens jogadores?
Piloto: Eu acho que sim e como o futebol está, um clube como a académica que em termos de receitas não tem muito, se calhar a forma mais viável de se sustentarem é essa recorrendo
à formação. Agora, por exemplo, [com a construção] dos sintéticos é de aproveitar as infra estruturas para conseguir uma boa base e que esses jovens formem, no futuro, a base dos
seniores da académica, em termos de mística (…) é a base para ter um grupo forte e unido.



FDJ: O “amor à camisola” pode ser fundamental no campo?
Piloto: Penso que sim, jogadores forma neles não só pelas vivências e é mais fácil seguir a carreira universitária e mesmo que não sejam formados aqui, que a académica consiga captar jovens em vários pontos do país que queiram continuar os estudos, traze-los para cá e continuarem a vida académica paralelamente ao futebol.



FDJ: Sofre mais em campo, no banco ou na bancada?
Piloto: Em termos de sofrimento sente-se mais quando se está no banco, aquela ânsia de estar tão perto e não poder ajudar…vive-se a ânsia da bola que parece que vai entrar e não entra, tu saltas, tu levantas-te, acho que é que isso que sentes mais. Também se estás cá fora não vives tanto, também tens os outros espectadores, se calhar conténs-te mais. No campo é aquilo que gostas de fazer, tens a envolvência toda mas pronto, não sofres tanto, queres que as coisas corram bem mas em termos de sofrimento é sem dúvida no banco.



FDJ: Os estádios ultimamente têm sofrido de uma falta de aderência por parte do público. Na sua opinião, existe alguma solução para inverter a situação?
Piloto: Eu penso que sim e no caso da académica o fundamental seria atrair um aglomerado de pessoas que vivem a Associação Académica, a Universidade e atrai-la para os estádios nem que para isso se tenha que baixar o preços dos bilhetes. Se querem que cada vez mais que o desporto em termos de sociedade seja promotor de bem-estar e de união e das pessoas,só conseguindo trazer famílias inteiras é que se consegue ser associativo por isso é essencial baixar os preços.



FDJ: Na Europa muitos clubes optam por levar até ao nível máximo algumas substâncias. Não é considerado doping mas um descuido…em Portugal, também existe a mesma prática?
Piloto:
Em termos de Portugal não sei se há muitos clubes que fazem ou não…há substâncias que são controladas, que têm os valores limites… agora o departamento médico levar os valores ao nível não é considerado doping e acaba por ser benéfico para o jogador. (…) Em Itália o nível competitivo é diferente, jogos domigos/ quarta,domingo/quarta, é muito complicado aguentar essa competição não são máquinas e, quer se queira ou não há quebras e esses factores extras que consomem ou que são administrados é para conseguirem render mais .



FDJ: Que campeonatos sem ser o português costuma acompanhar?
Piloto:
Inglês e espanhol



FDJ: Alguma vez o nível competitivo português poderá ser semelhante das características de um destes dois campeonatos que acompanha?
Piloto: Eu julgo que é difícil e que muito dificilmente o irá conseguir porque são realidades diferentes. Em Espanha e Inglaterra os níveis de vida são completamente distintos do português e as receitas que eles geram são completamente distintas das nossas. Se em termos nacionais somos capazes de ir para as fases finais em termos de campeonato penso que é muito difícil porque não temos as receitas que os outros têm e são mentalidades e qualidades de vida diferentes.



FDJ: Qual foi o momento mais marcante em toda a sua carreira?
Piloto: Foi na época passada. Garantimos a permanência no último jogo, tivemos a perder 2-0 e depois empatamos.Também por ter sido a época que fiz mais jogos e que tive mais dentro do grupo e da equipa.



FDJ: É importante a presença de um psicólogo ao longo de uma época num balneário?
Piloto:
Eu julgo que sim e se no futebol há cada vez mais jogadores que vêm de diferentes países…a questão da adaptação muitas vezes os jogadores mais velhos ajudam mas se calhar não é suficiente. A ajuda no sentido dos jogadores se abrirem com eles, são especialistas e é mais fácil entrar em diálogo com eles para saber o que precisam e o pelo que passam.



FDJ: Como estudante costuma seguir o percurso académico tradicional? No que diz respeito a latadas, trajes, cortejos…
Piloto: Não segui como o estudante normal, trajava-me, fui a jantares de turma, mordi o nabo, n dei a morder, fui à bênção das pastas, cartola…ainda algumas noites do parque também. Não segui como um estudante normal mas fui seguindo…

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