quarta-feira, 8 de agosto de 2007

LIRA - 20





Lira, defesa esquerdo brasileiro, foi uma das apostas da Académica em 2005/2006. Campeão paranense por duas vezes, ainda luta pela titularidade na briosa.




Fora de Jogo: Foi por opção vir do Brasil para a Académica?
Lira:
Foi por opção e também porque surgiu a oportunidade. É outra realidade de futebol, outra divisão e estou a gostar muito de estar aqui.


Fora de Jogo: Acha que é um sonho para qualquer brasileiro dar o “salto” para a Europa?
Lira: Acho que sim, tenho muitos amigos lá no Brasil e conversamos muito sobre isso e o sonho deles é poder estar na Europa não só em Portugal mas em qualquer clube grande.



Fora de Jogo: A adaptação foi complicada?
Lira: É diferente o futebol de lá com o daqui, tem mesmo que haver um período para a adaptação. O clima, o futebol é mais lento… e no clima eu joguei no sul, que é mais frio lá e há
mais contacto físico, corpo a corpo, como aqui.




FDJ: A nível de alimentação notou grandes diferenças?


Lira: Estou a gostar, a comida portuguesa não é muito diferente, a grande diferença é o costume, lá no Brasil comemos feijão todos os dias, aqui não…aqui come-se massa, arroz, batata…lá a gente mistura tudo.



FDJ: Veio para Portugal sozinho? Foi complicado?
Lira: Vim sozinho porque na altura era solteiro…hoje já casei. Não foi complicado porque sai de casa quandotinha 15 anos e ligava “Mãe como se faz arroz?”, então acabei por me acostumar e são 9 anos a morar sozinho e acabamos por nos habituar ao facto de não estarmos perto da família … claro que a família é necessária mas são obstáculos que temos que ultrapassar.



FDJ: Tinhas noção da essência da Académica quando vieste para cá? Pretende seguir algum curso caso continue a jogar em Coimbra?
Lira: Eu conhecia um pouco da história (…) no Brasil dizem que os jogadores de futebol são um bocado burros, eu não acho, no Brasil…comecei com 15 anos a jogar, estava na escola e com 18 fui profissional e lá jogase quarta / domingo, quarta / domingo e havia voos de 3 horas só dentro do Brasil, como não conseguia conciliar acabei por desistir….daí não ter pensadoem voltar a estudar…



FDJ: Qual é a importância da claque na contribuição num bom espectáculo? Nota diferenças em relação às brasileiras?
Lira:
A torcida acompanha, grita e esta sempre a apoiar…há diferenças mas não muitas…tenho amigos de outros clubes que a claque é de 1000 pessoas e 2000 pessoas, aqui é diferente… a claque está sempre a apoiar e não se nota muita diferença. A grande diferença se calhar entre as portuguesas e as brasileiras é violência de que estas últimas têm fama… Só violência não, eles dão espectáculo eu tive o prazer de disputar uma final carioca com 50 mil pessoas no Maracanã e aquilo é um espectáculo…embora quando se juntam as claques rivais… é muito perigoso ir uma família ao futebol, não há segurança mas é preciso sempre realçar o espectáculo que eles dão.



FDJ: No jogo contra o Porto, a Mancha Negra fez uma coreografia que ocupou a lateral toda. Viu? Qual foi a sensação ao ver aquele apoio num momento que a equipa não estava bem no campeonato?
Lira: Muito linda (…) eu que estava de fora dava vontade de estar lá dentro, dá motivação a mais mesmo…quando se entra no estádio e se tem uma claque a apoiar e a incentivar como a da académica tem a responsabilidade de dar algo mais.



FDJ: É complicado chegar a titular numa equipa da liga principal?
Lira:
Você vai par um clube e o treinador tem a maneira de trabalhar e você tem que se adaptar e trabalhar. Eu respeito e espero que quando tiver a oportunidade corresponder.



FDJ: É complicado estar no banco?
Lira: Tinha um treinador meu que falava “O jogador tem estar sempre preparado” e, de facto, é verdade. De repente acontece algo, o treinador precisa de mim e eu tenho que estar preparado, a cabeça, o corpo para poder corresponder porque se se entra e não se corresponde dá-se motivos para ele falar “está vendo teve a oportunidade e não conseguiu aproveitar.



FDJ: Tem algum ídolo?
Lira: Não mas tenho jogadores que acho um espectáculo, o Ronaldo por exemplo, mas também há muitos outros…aqui em Portugal o Cristiano Ronaldo.



FDJ: Tem algum ritual?
Lira: Eu creio em Deus e a minha força está no Senhor.



FDJ: É difícil conjugar a vida pessoal com a profissional?
Lira: Quando um profissional de futebol se relaciona com a mulher e ela sabe da sua profissão, agora vou ser um pouco machista, ela tem que aceitar e abrir mão de tudo porque nós estamos sujeitos a ir para outro país…é complicado mas quando se começa a pessoa tem que estar ciente disso e foi o meu caso, a minha esposa onde vou espero estar com ela e ela abrir mão, de momento, das coisas dela.



FDJ: Já pensa no que vai fazer quando acabar a carreira?
Lira: Penso no que posso investir porque a carreira é curta e temos que pensar no dia de amanhã…

Nenhum comentário: